sexta-feira, dezembro 29, 2006

O Amargo Sentido do Adeus!

O conceito de morte, tradicionalmente aceito, constituiu-se por muito tempo na certeza da cessação total e permanente de todas as funções vitais. Hoje a tendência é aceitar-se a morte encefálica, traduzida como aquela que compromete irreversivelmente a vida de relação e a coordenação da vida vegetativa, diferente, pois, da morte cerebral ou cortical, que compromete apenas a vida de relação.
Mesmo assim, é difícil precisar o exato momento da morte porque ela não é um fato instantâneo, e sim uma seqüência de fenômenos gradativamente processados nos vários órgãos e sistemas de manutenção da vida. Daí vêm o meu maior medo, que acredito ser o da maioria: sentir dor física na hora da morte.
Hoje, com os novos meios semiológicos e instrumentais disponíveis podem-se tecnicamente determiná-la mais precocemente; o que não acho muito bom, afinal, se não conseguimos suportar muito a idéia da morte, pra que ficar sabendo mais cedo quando morreremos?
Os fundamentos éticos de um rigoroso conceito de morte nos levam a respeitar, entre outros, um determinado espaço de tempo, dentro de uma criteriosa margem de segurança. Por isso, não podemos esquecer as palavras de Vega Diaz : "Um segundo pode ser a unidade de tempo que faça de um sujeito vivo um cadáver, mas também pode fazer da morte um homicídio".
Atualmente, a tendência é dar-se privilégio à avaliação da atividade cerebral e ao estado de descerebração ultrapassada como indicativo de morte real. Será que basta apenas a observação do traçado isoelétrico do cérebro para se concluir pelo estado de morte? Acredito que não.
A morte, como elemento definidor do fim da pessoa, não pode ser explicada pela parada ou falência de um único órgão, por mais hierarquizado e indispensável que seja. É na extinção do complexo pessoal, representado por um conjunto, que não era constituído só de estruturas e funções, mas de uma representação inteira. O que morre é o conjunto que se associava para a integração de uma personalidade. Daí a necessidade de não se admitir em um único sistema o plano definidor da morte.
A morte possui um status quo que reforça as raízes culturais da relação homem com o corpo. No que diz respeito a essa cultura, o homem sempre abominou a morte, de forma que sempre a repelirá de seus pensamentos. Pensar na morte é se angustiar com o desconhecido, é angustiar-se com a possibilidade de respirar o último suspiro da vida sem ter saciado todos os desejos. Se uma pessoa se considera completa, considera que já saciou todos os seus desejos, então não deveria ter medo ou qualquer repulsão da morte. Pensando por esse lado, a morte nos ensina que sempre devemos correr atrás dos nossos sonhos, arriscar conscientemente e viver cada minuto já que a vida é curta e não temos tempo pra ficar perdendo com o que não nos traz felicidade. Corremos atrás da realização completa, para que nossa morte seja razoavelmente tranqüila e menos dolorosa (quando falo em dor, está incluída a dor psicológica de que estamos morrendo).
A morte é a única certeza que iguala todos os homens, todas as etnias, mas, se por lado ela iguala, por outro lado ela angustia e isola o homem de seus semelhantes.

Voltando às origens!

Hoje estava (ainda está por sinal) monótono... Decidi colorir!
A Primeira obra foi o Pato Donald:

Colori fraco porque não estava irritado com a monotonia. Estava zen!

Segunda obra:

Nessa hora já estava irritado com o orkut que continuava em manutenção e com as lembranças do meu amor que me faz tanta falta! Também tinha começado a pensar na raiva que eu tô de mim mesmo por não ter visto minha família de BH. Bem, pelo menos passou. Voltei a ficar zen!

=D

Estruturação

Para refletir...

"Foi numa manhã comum, como qualquer outra, que abri o jornal e li a manchete: “Descoberta da cura da aids!”. A princípio, fiquei deslocado na cama como se a terra tivesse saído do lugar e meu quarto estivesse mais à esquerda que de costume.
Fiquei parado um tempo sem saber qual deveria ser o primeiro ato de uma pessoa de novo condenada a viver. Primeiro certificar-se. Telefonei para o meu médico.Realmente a notícia era sólida, e o próprio Bush estava dando declarações na TV americana, assumindo a veracidade do fato: dez pacientes em estado avançado da doença haviam tomado o CD2 e não apresentavam nenhum sinal ou sintoma da presença do vírus em seu organismo. Um eficiente viricida fora descoberto.
As outras notícias seguiam o mesmo curso. O laboratório do CD2 tivera uma espetacular alta na bolsa de Nova Iorque. Na França, o Instituto Pasteur dizia que outra coincidência acompanhava os caprichos da ciência. Ali, também o SD2 estava no forno para ser anunciado.
Telefonei para o meu analista, dei a notícia sobre a cura da aids e decidi que só iria enfrentar a felicidade nas próximas sessões. Afinal, eu havia me preparado tanto para a morte que a vida agora era um problema.
Ao meu lado Maria ainda dormia e não sabia que nossa vida havia mudado. Casados há 21 anos, os últimos tinham sido um tempo de tensão a cada gripe, mancha na pele, febre sem explicação. O amor que havíamos feito tanto tempo, e que havia sido interrompido pelo medo do contágio, dos descuidos, do imponderável, estava agora ao alcance da vida comum – num milagre, apesar de meus 56 anos, como costuma insistir um certo jornal paulista.
Pensei comigo mesmo, camisinhas nunca mais?. Maria dormia, ainda não sabia da novidade. Ela agora poderia ser viúva de outras causas mais banais, mais correntes, mas normais. Ela não mais seria a viúva da aids. Grandes avanços. Tinha os filhos para avisar. Não mais seriam órfãos da aids, o pai agora tinha algo de imortal, ou melhor, podia morrer como todos os mortais.
A TV continuava a mostrar cenas incríveis em Nova Iorque, e o meu telefone já começava a tocar. Afinal, eu havida sido, durante quase dez anos, o entrevistado perfeito para o caso da aids: era hemofílico, contaminado e sociólogo. Podia desempenhar três papéis num só tempo e numa só pessoa. Eu era uma espécie de trindade aidética! Iam querer saber o que eu sentia, o que faria, meus primeiros atos, minhas emoções, minhas reações diante da vida e da normalidade. Imaginava as perguntas. “Como você se sente agora que é de novo um ser normal? O que vai fazer agora de sua vida? O que efetivamente mudou na sua vida? O que você aprendeu com a aids? Você continua a ter raiva do governo?” Cheguei a pensar, como Chico Buarque, que daria minha primeira entrevista ao Jô Soares. Afinal, falaria da vida tomando cerveja!
Ainda na cama, onde de manhã gosto de ficar, tive saudades do Henfil e do Chico e, em meio à alegria que já me contagiava, chorei. Por que haviam sofrido tanto e morrido tão fora de hora? Quanto sofrimento, quanta dor inútil que as palavras não descrevem. O olhar parado de quem expira. A máscara terrível de quem morre da peste do século. O abandono sem remédio. A fatalidade que nem a morte enterra.Por que haviam logo eles morrido, se eram meus irmãos, a quem telefonava com o hábito de quem acredita poder fazer isso por séculos e séculos seguidos? De repente, ninguém do outro lado da linha. Números riscados numa agenda sem remédio. Ainda a lembrança do Chico, no enterro do Henfil, dizendo para mim entre espanto e humor: “Hoje é o Henfil, amanhã serei eu e você irá daqui a três anos... bem, digamos cinco!”.
E hoje estou eu aqui passados quatro anos, quase cinco, lendo essa notícia, e eles todos mortos antes do tempo. Não há remédio para a morte de meus irmãos, que são tantos.
De repente me dou conta de que houve realmente remédio para a aids. É hora de levantar, atender os telefonemas, reunir o pessoal da Abia, festejar com o pessoal do Ibase, abrir um champanhe ou uma cerveja. Telefonar para saber onde estava o tal remédio, como comprá-lo, qual o preço, o prazo da chegada. Estaria disponível quando, a que preço? Quem poderia comprá-lo?
O mais importante, no entanto, acontecia no paralelo. Amigos e amigas, de quem não suspeitava, me chamavam para dizer que eles também eram soropositivos, agora que havia cura. Outros me davam abraços pelo telefone e comunicavam que estavam indo diretamente a centros de saúde para fazer o teste, agora que havia cura. Outros e outras diziam que suas vidas sexuais eram um caos, mas que agora valia a pena encarar e se cuidar, porque agora havia cura. Alguns outros me chamavam para dizer que iriam começar o tratamento e o controle e a pensar na vida, porque agora havia cura. E finalmente outros me diziam que agora podiam revelar à imprensa sua condição de soropositivos para servir de exemplo a outros, agora que havia cura.
De repente me dei conta de que tudo havia mudado porque havia a idéia e o anúncio da cura. Que a idéia da morte inevitável paralisa. Que a idéia da vida mobiliza... mesmo que a morte seja inevitável, como todos sabemos. Acordar pensando que se vai morrer, no lugar da vida, é a própria morte instalada.
De repente me dei conta de que a cura da aids sempre havia existido, como possibilidade, antes mesmo de existir como anúncio do fato acontecido, e que o seu nome era vida.
Foi de repente, como tudo acontece."

Texto publicado no Jornal do Brasil, em janeiro de 1992. Republicado em www.conversascombetinho.org.br

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Fragmento de Filosofia Perdida


Prefiro ser feliz e doente do que ser saudável e triste.
Prefiro ser feliz e pobre do que rico e triste.
Prefiro ser feliz e solteiro do que casado e triste.
Enfim, a felicidade é a coisa mais importante da vida! O que adianta as outras coisas se você não é feliz.
Por fim...
Prefiro ser saudável, rico, casado e feliz do que triste!

quarta-feira, dezembro 27, 2006

domingo, dezembro 17, 2006

Ambição Masculina

Ri muito enquanto lia a matéria “Enlarge your Pênis!” de Antonio Prata, na edição da Revista Piauí. O mais engraçado foi que ontem entraram num assunto parecido com esse comigo ontem a noite no MSN...
Prata faz uma comparação muito divertida e interessante do personagem de Woody Allen – Alvy Singer – em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, com a ambição masculina por um grande ‘membro’. As maiores e mais esdrúxulas peripécias são inventadas pela insatisfação masculina com o que mais mostram quando estão pelados.
Pesquisas explodem com índices assustadores e o mais interessante, é que essa vontade insaciável de ter um pinto grande não existe na tentativa de melhor ou mais satisfazerem as mulheres, mas sim, para ficarem à vontade em vestiários! Meu Deus! Carmita Abdo, psiquiatra e fundadora do Projeto Sexualidade (ProSex), diz que arregaça as mangas na tentativa de dissuadir homens crédulos em métodos capazes de fazer um Alvy Singer se tornar um Long Dong Silver! Isso tudo, deve-se à enxurrada de spams “Enlarge your pênis!”, “Gain 2 inches!”, “Aumente seu pênis já!”.
Curiosidade: ao digitar “aumento de pênis” no Google, o cidadão desesperado encontra 187 mil resultados. Se, em português, “aumento de pênis” tem 187 mil ocorrências, contra 87 mil de “Paz na Terra” e 18,800 de “Como ficar rico”, é sinal de que a preocupação com o tamanho do pênis realmente tem um lugar destaque no âmbito masculino.
A reportagem cita até o caso de um paciente que, depois de algumas cirurgias mal sucedidas, foi levado à um consultório pela própria mulher, empenhada em convencê-lo de que estava satisfeita com seu pênis. Não conseguiu. O paciente foi a Miami para mais uma cirurgia e, infeliz com os resultados, acabou se suicidando.
Frente à ambição masculina em exibir um pênis grande nos vestiários, sou tomado a pensar qual será o poder que os pênis grandes exercem sobre os homens. Questionamento: Será que os mais bem dotados seriam mais agressivos, seguros e decididos, e por isso, melhor sucedidos? Diretores de multinacionais, presidentes de países, esportistas vitoriosos se encontram entre os 15% dos homens que têm pênis maiores do que 18 cm? Estariam George Bush, Bill Gates e Ronaldinho entre os 0,001% dos homens com mais de 25 cm?É de se pensar....
Eu, como homem, nunca tive preocupação com isso. Não tenho problemas com o meu e achava que essa conversa era brincadeira, mas só hoje, lendo a reportagem que vi que não é historinha. Será que sou o único que não tem essa ambição?

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Namoro

Estava eu filosofando com o vento hoje quando me deparei em algumas perguntas. Não falarei das perguntas, mas direi as respostas que tive.
Primeiro consegui esta informação no site wikipédia:

"O namoro é uma instituição de relacionamento interpessoal moderna, que tem como função a experimentação sentimental e/ou sexual entre duas pessoas através da troca de conhecimentos e uma vivência com um grau de comprometimento inferior à do matrimônio. A grande maioria utiliza o namoro como pré-condição para o estabelecimento de um noivado ou casamento.
Com a evolução da tecnologia, já é comum encontrar casos de pessoas cujo namoro se dá através das modernas formas de telecomunicação, como o telefone ou a internet. Assim, sendo, casais podem namorar apesar de estarem em países ou continentes distintos."


Depois comecei a escrever para organizar as idéias:

O namoro é uma forma de convivência, onde duas pessoas que se gostam passam bastante tempo juntas, o que não quer dizer que passem TODO o tempo juntas, até porque isso desgasta o relacionamento. Não existe idade certa para começar a namorar, porque as pessoas são diferentes umas das outras e cada uma sente o momento certo para iniciar esta experiência. As razões para namorar podem ser diversas: amor, atração física, companheirismo, curiosidade, afinidades diversas, etc... Ou todas juntas! Mas o fato é que, uma vez iniciado o namoro, surge uma boa oportunidade para conhecer melhor o outro, para fazer a descoberta do verdadeiro outro. Durante o tempo de namoro, o amor se desenvolve e se aperfeiçoa.
Todos nós temos “duas facetas” de nosso ser. Uma é nosso o jeito que nos vestimos, o como parecemos. A nossa outra "faceta”, é o como somos, “de verdade”, o nosso “por dentro" (nosso interior), que poucas pessoas conhecem ou enxergam e que não muda quando trocamos de roupa.É exatamente durante o namoro ou em uma amizade profunda e real que temos a oportunidade de conhecer o outro e de nos dar a conhecer “por dentro”.
Vocês podem se dar conta que para se conhecer o outro “por dentro”, é necessário tempo e esforço, não havendo possibilidade de enganos, pois o relacionamento entre duas pessoas que se querem bem não pode se basear em dados falsos, sob pena de se tornar um relacionamento mentiroso, que não dura muito tempo, pois “a mentira tem pernas curtas”. Tempo para conhecer o outro com profundidade (pode vir a se tornar o pai/mãe de meus filhos!!) e esforço de se dar a conhecer (às vezes não gostamos do modo como somos!!) , sem querer parecer melhor ou pior do que se é.
Fazemos muitas escolhas na nossa vida: nossa escola, nossos amigos, nossa profissão... nosso(a) companheiro(a)! Essa última é, talvez a mais importante escolha que fazemos. Por esse motivo, deve ser uma escolha muito bem pensada, amadurecida, pois dela vai depender a nossa felicidade futura. Quem faz do amor um passatempo, descobre que com o tempo, passa o amor!
Duas pessoas livres e racionais somente deveriam chegar ao cume de seu relacionamento quando, ao terem a certeza de que "este é o único(a)".
Todos sabemos que hoje em dia os adolescentes amadurecem mais cedo -do ponto de vista biológico- do que antes. Por exemplo, os jovens de hoje são mais altos do que os seus pais e estes mais do que os avós. As meninas tornam-se “mocinhas” (têm a primeira menstruação) mais cedo. Vocês sabiam que no fim do século passado (imaginem, 100 anos atrás!) as meninas na Noruega se tornavam “mocinhas” em média aos 17 anos de idade? Não se sabe com que idade as mocinhas no Brasil tiveram a sua primeira menstruação naquela época, pois não há registros disponíveis, mas hoje em dia sabe-se que a média é de 12 anos a 12 anos e meio! É lógico que a “cabeça” das mocinhas norueguesas no século passado, aos 17 anos, provavelmente também era mais madura para tomar decisões importantes na sua vida, do que a cabeça das mocinhas brasileiras aos 12 anos. Bem, mais isso já é uma outra conversa para um outro texto.
O que importa agora é que eu sei o que fazer!